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sexta-feira, 14 de abril de 2017
GET OUT - Um thriller sobre relações interraciais
Um thriller sobre relações interraciais muito além das relações entre casais. Você já parou pra pensar o quanto a cultura africana e o povo preto dão vivacidade aos lugares e experiências onde quer que eles estejam? E o quanto a sociedade euro-asiática ama consumir as terras, os corpos e a cultura africana, mas sem pretos? Já ouviu falar em hipnose ou técnicas de convencimento usadas nas mídias para vender idéias e produtos? Idealizado, escrito e dirigido por Jordan Peele, nessa produção, ele que ficou conhecido por personagens de comédia em MADtv e em séries e filmes como Key and Peele e Keanu, supera todas as expectativas em GET OUT. Peele revelou que em seu processo de produção gostaria de fazer um filme que ele mesmo nunca tinha assistido, e nos surpreendeu em um thriller de mistério, com momentos de alívio cômico que nos trouxe um tenso sorriso. O filme que estreou na sessão secreta do Festival de Sundance, é um dos filmes mais comentados da temporada nos Estados Unidos, estando semanas entre os mais assistidos. De baixo orçamento para a indústria americana, 4,5 milhões de dólares, o filme que ainda está em cartaz nos Estados Unidos e tem previsão de lançamento no Brasil para 15 julho de 2017 já rendeu mais de 177 milhões dólares.
A história de um jovem casal interracial Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) que após 5 meses de namoro vão visitar a família da namorada branca. Chris em todo o percurso da história revela ao seu melhor amigo Rod (Lil Rel Howery) as inusitadas e estranhas situações que passa junto a família da namorada. Por telefone Rod desconfiado acompanha a saga do amigo no qual as cenas de alívio cômico inseridas cirurgicamente ao longo da trama, sao protagonizadas por ele.
Chris ja nos primeiros momentos junto a família vivencia situações "típicas" de racismo, que até então seriam comuns em um país colonial (ex colonia), que teve como base econômica o racismo e a escravização. Uma família toda branca composta por pais “alternativos”, um filho nitidamente perturbado e empregados negros. É durante sua primeira noite na Casa da Família que Chris acorda na madrugada. Após perceber atitudes estranhas da parte dos empregados ele caminha pela casa e, é convidado pela mãe da namorada a se sentar no escritório onde ela tomando um chá mexe a colher dentro da xicara calmamente e ao bater três vezes a colher sobre a chicara enquanto o faz lembrar traumas de sua vida, hipnotiza o jovem e o aprisiona dentro de sua própria mente. Sem controle sobre seu corpo ou sob sua ações, Chris está a "merce", alheio as suas vontades. Apenas preso. Porém ele acorda no quarto, ao lado da namorada, como se nada tivesse acontecido... A família da namorada promove uma festa e entre os diálogos emergem questões racistas que para Chris e para pretos e pretas que vivem na diáspora africana são "quase comuns" de se ouvir, como comentários sobre suas habilidades nos esportes, força física, sensualidade e até a máxima comum nos EUA hoje “Eu não sou racista, eu até votaria no Obama por uma terceira vez”... Chris ao deparar-se com um jovem negro do Brooklyn, totalmente descaracterizado de suas origens, resolve relatar a estranha figura ao amigo Rod. Ao tirar uma foto com flash desencadeia uma espécie de despertar no jovem, que descontrolado clama a Chris: "GET OUT" ( SAIA! Ou Sai Fora! ) Se as coisas já estavam estranhas, imagine um bingo macabro, onde Chris é o prêmio.
As notícias sobre o filme revelam um sucesso de público e crítica, porém entre as muitas notícias que emergem na internet sobre o filme está em destaque o fato de Samuel L Jackson ter comentado na radio Hot 97 de Nova York que o ator principal deveria ser americano, e nao um britânico sob a justificativa que um americano teria mais intimidade com a experiência do personagem. O fato dessa notícia sair com ênfase em sites como UOL, NY TIMES entre outros nos revela o quanto a identidade cultural africana esta partida pelas falsas identidades nacionais, artificiais, criadas para nos dividir. O ator Daniel Kaluuya respondeu às críticas a em entrevista à GQ MAGAZINE publicada on-line no dia 13 de março: Kaluuya elogiou o Sr. Jackson - "ele fez muito para que possamos fazer o que podemos fazer" - mas achou falha em sua crítica. "Quando estou perto de pessoas negras, sou obrigado a me sentir 'outro' porque tenho a pele mais escura", disse Kaluuya. "Eu tive que lutar com isso, com as pessoas dizendo 'Você é muito preto.'" "Então eu venho para a América e eles dizem: 'Você não é preto o suficiente'” e completa “ Fico ressentido por ter que provar que sou preto.” Premiado no CinemaCon em Las Vegas como Diretor do ano, Get Out promete ainda mais sucesso, esperamos ansiosos sua chegada em nossas telas e com boas legendas! Por Erida Menha Nsi
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